16 abril 2007

Sobre música, músicos, professores e computadores


Quem me conhece, bem sabe que uma das minhas maiores frustrações é não saber tocar um instrumento musical. Tocar algo como, um violão, uma guitarra, bateria! E não foi por falta de tentativas: quando eu tinha uns dezessete anos tentei o violão: tinha que treinar muito, estudar a teoria musical, andar com o violão pra lá e pra cá, não deu. Depois, já com uns vinte e poucos anos, tentei a bateria: legal, mas não deu também. Não é que a música não esteja em mim, pelo contrário, sou até muito musical. O fato é que não me apropriei destas ferramentas. Diferente da minha relação com os computadores. Não pense que sou um nerd daqueles que não pode passar um dia sem usar o computador, apenas me identifico com ele, tenho algo à ver com ele, finalmente, trabalho com ele. Somos parceiros.
Sem perder o fio da meada sobre o assunto música, outro dia li uma entrevista onde um repórter perguntava por que a Rita Lee só concedia entrevistas por e-mail, e ela respondeu que “o e-mail é uma mão na roda, bicho!”. Outros cantores e compositores se renderam ao computador para a criação de trilhas sonoras inteiras. Quem assistiu à “Durval Discos” sabe que o André Abujamra, compôs a música incidental, e criou depois, sobre as imagens digitais, conforme a função da ação dramática. Para isso usou um supercomputador capaz de sincronizar sons e imagens, orquestrar e gravar. Outro cantor dos anos 80, o Ritchie, abandonou os shows para produzir digitalmente, trilhas e jingles no computador. Isso não desqualifica o cantor e compositor, pelo contrário, o atualiza e inova (no caso do Ritchie, acho que ele fez a melhor opção!). O computador agrega valores à experiência do músico profissional.
Nos tornamos educadores quando nossa prática, nosso tom de voz, nosso jeito de ser nos caracteriza. Somos professores quando aperfeiçoamos nossa prática, ao ponto de poder transmiti-la através das nossas aulas. Somos educadores quando nos identificamos em uma comunidade educativa. O músico tem a capacidade de identificação com as massas, com as diferentes tribos. Passa sua mensagem através de uma série de acordes, tons e sons. O professor também passa sua mensagem para as massas. O computador está favorecendo a criatividade de compositores e professores, a leitura deste texto e de diversas outras manifestações e produções culturais. A moda agora é música eletrônica, que nada mais é do que música feita pelo computador, e ninguém se importa com isso, ninguém quer saber como foram feitas as músicas, só querem dançar. E aproveitam até o último acorde, aprendem a dançar e a cantar. Na escola, o computador ainda é um bicho de sete cabeças, onde a resistência ao seu uso persiste. Não se importe com a máquina, direcione seus esforços para os resultados na aprendizagem, continue com suas aulas maravilhosas. Use o computador e não se esqueça: O computador agrega valores à experiência do professor.

Pense nisso. Até mais!

texto publicado em 02/01/2005 em:
http://www.vinhedonet.com.br
imagem de: http://www.cefetce.br
republicado aqui pela relevância do tema.
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